O álcool é uma droga legalmente aceita, presente em diversas bebidas e de venda livre, mas com efeitos psicotrópicos que deprimem o sistema nervoso central, alterando comportamento, humor e percepção. Seu consumo prolongado pode levar à dependência e está associado a mais de 60 doenças, além de ser um problema grave de saúde pública, causando cerca de 2,5 milhões de mortes anuais.
Estatísticas apontam que mais de 70% dos homens e 40% das mulheres acima de 18 anos consumiram álcool no último ano. Destes, 70% dos homens e 40% das mulheres beberam mais de uma vez por semana, e mais de 70% dos homens e 50% das mulheres tiveram episódios de consumo excessivo. A dependência afeta cerca de 10% dos homens e 4% das mulheres, sendo o tempo médio para desenvolvimento do transtorno de 8-10 anos para homens e 5 anos para mulheres.
O consumo de álcool está diretamente ligado a riscos como acidentes de trânsito, conflitos interpessoais, intensificação de doenças psiquiátricas, aumento das tentativas de suicídio, ressacas severas, faltas ao trabalho e à escola. O desenvolvimento de problemas relacionados ao álcool está associado a fatores individuais, padrão de consumo, influências culturais e história familiar. Fatores de proteção incluem autoestima elevada, bom vínculo familiar e participação em atividades comunitárias.
Leis como a “Lei Seca” e a restrição de vendas têm reduzido, ainda que lentamente, os impactos do álcool na sociedade. O alcoolismo é considerado uma doença crônica cerebral, resultante do descontrole do sistema de recompensa do cérebro, levando a um consumo compulsivo mesmo diante de consequências negativas. A dopamina é o principal neurotransmissor envolvido, e diferentes drogas ativam esse sistema de forma semelhante, explicando a alta taxa de recaídas.
O tratamento varia conforme a gravidade e pode envolver aconselhamento profissional, grupos de apoio como Alcoólicos Anônimos, internação hospitalar e terapia medicamentosa. Durante a internação, que deve durar pelo menos 14-21 dias, é essencial o envolvimento de familiares e equipe multidisciplinar para fortalecer a rede de apoio e prevenir recaídas. Como uma doença crônica, a dependência alcoólica exige tratamento contínuo e um ambiente protegido de gatilhos para consumo, promovendo uma abstinência sustentável.
Nesse contexto, o Hospital Ouro Branco está empenhado na federalização de 10 leitos do Sistema Único de Saúde (SUS) para a área de Saúde Mental da instituição, que é referência para o Estado nesta especialidade. Atualmente, sete são mantidos com recursos estaduais e dois com investimentos federais.

Especialista em Dependência Química
CRM 13514 | RQE 6753 e 16928