Volume de atendimentos ao ano evoluiu cerca de 400% nesse período
No dia 31 de março o Pronto Atendimento Médico e Ambulatorial junto ao Hospital Ouro Branco (HOB), no Bairro Languiru, em Teutônia, completa 15 anos. A estrutura é uma porta de entrada que universalizou, nas 24 horas do dia, o atendimento em Saúde a toda comunidade teutoniense e de municípios vizinhos, como Poço das Antas, Westfália e, mais recentemente, Paverama.
Conforme o diretor executivo do HOB, André Lagemann, o novo espaço surgiu como uma necessidade do hospital teutoniense perante a comunidade, ajustando-se ao que ocorria naquela época com um serviço público de custeio misto do antigo Hospital Redentor, do Bairro Canabarro, em que eram utilizados recursos públicos e a contrapartida da comunidade. “Até então o Hospital Ouro Branco oferecia apenas atendimento de urgências e emergências totalmente particular, em que os médicos se organizavam em sobreaviso para atender aos chamados quando os pacientes procuravam o hospital. A partir disso, o HOB instituiu um P.A. privado, com um valor acessível à população. No princípio eram poucos atendimentos, uma vez que as consultas eram pagas pelos próprios pacientes, exceto para os munícipes de Westfália e de Poço das Antas, que contavam com auxílio das prefeituras”, recorda, acrescentando que naquela época, quanto mais consultas, mais o serviço se tornava viável, considerando o pagamento dos profissionais médicos que prestavam serviço de plantão.
Evolução e qualificação
Passados 15 anos, hoje esse serviço de Pronto Atendimento no HOB é gratuito à comunidade. “Muita coisa mudou. Até 2005 a população de Teutônia atendida pagava uma taxa pelo serviço que era privado, mas a partir de agosto daquele ano o custeio passou a ser integral das prefeituras de Teutônia, Poço das Antas e Westfália”, acrescenta Lagemann.
As melhorias também ocorreram em termos de infraestrutura e serviços prestados. “Também ocorreram diversas alterações no que se refere aos profissionais que atuam no local, desde enfermeiros até médicos. Com um grande rodízio de profissionais, atualmente apenas dois médicos estão no P.A. há mais de dez anos, o que também é observado em outros serviços de Saúde”, revela o diretor.
A primeira equipe do Pronto Atendimento no HOB contava com apenas um médico presencial e uma equipe com técnicos de enfermagem, administrativos e suporte de exames de diagnóstico. Hoje, o P.A. possui um médico 24 horas, um segundo médico durante a semana, das 9h30min às 22h30min, e sempre dois médicos em finais de semana e feriados. Além disso, desde 2009 o HOB instituiu o sobreaviso médico para dar suporte aos plantonistas, que hoje é ofertado em sete especialidades – clínica, pediatria, obstetrícia, cirurgia, anestesia, traumatologia e radiologia –, uma enfermeira por turno, juntamente com os técnicos de enfermagem, profissionais administrativos, do setor de exames de diagnóstico em análises clinicas e de imagem com Raio-X, tomografia e ecografia.
Volume de atendimentos
O volume de atendimentos no Pronto Atendimento Médico e Ambulatorial instalado junto ao HOB evoluiu significativamente nos seus 15 anos de atividades. Se em 2001 esse volume alcançou 7.295 consultas, em 2014 foram 36.351. “No acumulado desses 15 anos, são mais de 323,6 mil consultas, sem contar os exames de diagnóstico, avaliações de especialistas e outros procedimentos decorrentes dessas consultas”, acrescenta Lagemann. Hoje ocorrem cerca de 110 consultas diárias, além dos exames e procedimentos decorrentes das mesmas.
Mesmo que o serviço priorize casos de urgência e emergência, o maior volume de atendimentos no P.A. refere-se às consultas eletivas, que não são consideradas casos de urgência e emergência. Com um protocolo que define a prioridade de atendimento pela gravidade dos pacientes, são os casos eletivos os que acabam, invariavelmente, aguardando por mais tempo na fila de espera. “A prioridade são os atendimentos classificados como vermelho e amarelo, que são as urgências e emergências”, lembra o diretor.
Atendimento de urgência e emergência
Para o diretor executivo do HOB, André Lagemann, o Pronto Atendimento Médico Ambulatorial junto ao Hospital Ouro Branco é muito importante para a comunidade local e regional. “É uma porta aberta 24 horas por dia para atender as urgências e emergências de uma comunidade microrregional de mais de 40 mil pessoas. Toda a sua infraestrutura precisa ser muito bem utilizada pela sociedade para que possa, de fato, cumprir seu papel, qual seja, o atendimento de urgência e emergência”, justifica.
Ele lembra que em casos de consultas eletivas, rotineiras, a comunidade deve usufruir das unidades básicas de saúde, sob o risco de sobrecarregar este serviço e colocar em risco aqueles casos mais graves que, efetivamente, precisam ser priorizados. “Os casos de urgência e emergência levam mais tempo para ser atendidos, muitas vezes exigindo a permanência em sala de observação, com a realização de exames e constante monitoramento. Essa é a nossa função e a população precisa ser orientada e doutrinada para compreender o verdadeiro papel do P.A., ele não é para atendimentos eletivos, nossa prioridade são urgências e emergências”, reafirma Lagemann.
Grande demanda de atendimento médico não-urgente
A coordenadora do Pronto Atendimento, Dra. Cristina Forneck Gewehr, é formada Médica Clínica-Geral, com Especialização em Medicina de Família e Comunidade e capacitação em Atendimento Avançado em Trauma (ATLS – Advanced Trauma Life Support). “O P.A. é a porta de entrada em momentos em que o tempo e a distância entre a situação de emergência e o atendimento são fatores fundamentais no prognóstico do paciente. Aqui o paciente encontra atendimento médico geral e especializado, caso seja necessário, assim como exames diagnósticos laboratoriais e de imagem. Da mesma forma, o paciente é medicado no local, caso haja indicação, e realiza procedimentos conforme a necessidade, como suturas (em cortes), cirurgias gerais, urológicas e de traumatologia (em fraturas e luxações). Se a situação assim exigir, o paciente poderá ser internado após passar por avaliação do especialista chamado pelo médico generalista”, divulga.
Entre as maiores dificuldades na coordenação do setor, Dra. Cristina reafirma: são os problemas gerados pela grande demanda de atendimento médico não-urgente. “Esses atendimentos sobrecarregam a equipe, que muitas vezes sente-se prejudicada em poder dar a total dedicação que o caso grave exige. Muitas vezes torna-se inviável atender de maneira mais rápida àqueles pacientes que ainda aguardam atendimento”, revela. Paralelamente a isso, outro complicador é a atual situação financeira da casa de saúde teutoniense. “A situação financeira do nosso hospital é crítica, o que acarreta em importantes limitações em melhorias, físicas e estruturais, para o atendimento da comunidade, melhorias essas já identificadas e cujas alterações já foram estudadas e projetadas, porém, que dependem de aporte financeiro, o que atualmente inexiste.”
Desafio e satisfação
Dra. Cristina, que é de Teutônia, coordena o P.A. desde setembro de 2015. “Quando fui convidada para essa função, de certa forma, fiquei em dúvida em aceitar ou não, pois, como todos sabem, tínhamos e ainda temos grandes dificuldades em relação a esse serviço. Porém, como sou teutoniense e desde criança a minha família reside aqui, me senti motivada a fazer o possível para tentar tornar cada vez melhor esse serviço de atendimento em emergência. É para cá que trarão meus amigos, conhecidos e familiares, assim como eu mesma caso alguma urgência aconteça”, revela.
E a médica sabe da importância do desafio que assumiu. “Todos queremos que o hospital dê certo e se mantenha com as portas abertas, podendo dar atendimento a todas essas pessoas, de Teutônia e região. Como seria caso o hospital fechasse as portas?”
Apesar das dificuldades, a profissional tem alegrias para compartilhar. “A maior alegria em coordenar o setor é, certamente, ver a satisfação dos pacientes que tiveram seus problemas de saúde resolvidos ou até mesmo sua vida salva. Isso jamais será superado, e saber que você fez parte do processo de melhorias para que isso ocorresse mais facilmente é, sem dúvida alguma, gratificante”, conclui.
O futuro
Considerando as dificuldades financeiras enfrentadas pelo HOB nos últimos anos, em especial a partir dos atrasos de pagamentos e cortes nos repasses financeiros aos hospitais por parte do Governo do Estado, há uma grande apreensão da direção do hospital para a continuidade do serviço, apesar da sua importância. “O momento é de incerteza com a grave crise financeira do Governo do Estado, o que acaba agravando a gestão, visto que o custeio do serviço é basicamente com recursos das prefeituras de Teutônia, Poço das Antas, Westfália e Paverama, juntamente com o Estado. Contamos com grande mobilização da comunidade, por meio de doações de alimentos e recursos financeiros, mas é fundamental a colaboração da comunidade na Campanha Mãos Dadas com a Saúde, com as doações via conta de luz da Certel, o que se torna uma colaboração permanente, que é o que o HOB precisa, e muito, neste momento”, ressalta Lagemann.
Conforme o diretor executivo da casa de saúde, estão previstas adequações na área física, objetivando melhorar e agilizar o fluxo de atendimento, e até mesmo um projeto de nova área física para o P.A., com acesso pela Rua Major Bandeira. “Mas, hoje, a prioridade é conseguir pagar em dia os salários dos funcionários e médicos”, lamenta.
Família consciente
Samanta Betina Costa (30) e a pequena Antônia Costa Widmann, que está com 16 meses, sabem, na prática, a real importância de um Pronto Atendimento próximo de casa para os casos de urgência e emergência. Residente no Bairro Teutônia, a secretária elogia o atendimento prestado à pequena Antônia, num acidente doméstico com os cachorros da família. “Chegamos em casa por volta das 13h e, como de costume, os cachorros vieram correndo até nós para brincar. Mas neste dia os dois estavam um pouco assustados, devido ao barulho das máquinas que estavam asfaltando a rua. Ao abrir a porta, eles correram para a sala e, neste momento, a Antônia também veio ao encontro deles rapidamente. Ao se baterem, fazendo com que caíssem um em cima do outro, a Antônia teve uma lesão ao lado da orelha, como se fosse uma mordida”, recorda a mãe.
“A primeira coisa que fiz foi pegar uma mochila dela, que sempre deixo pronta com roupa e fralda, e meus documentos. Coloquei ela no carro e fomos para o Pronto Atendimento. Ao chegarmos lá, entrei direto na parte de emergência, onde estava a médica Mariana, que me atendeu prontamente. Após explicar o acontecido, fizeram os exames necessários, examinaram e nos deixaram em observação”, acrescenta. Sobre a qualidade do atendimento, Samanta afirma que “fomos muito bem atendidas por todos, inclusive as técnicas de enfermagem, que faziam o maior esforço para acalmar a Antônia”. Para ela, o Pronto Atendimento é necessário para os casos de acidentes e urgências. “Muitas pessoas reclamam do P.A. pois acham que lá é consultório médico para pedir receitas de medicamentos. O importante é usá-lo se realmente precisamos. Até pelo fato de que ninguém gosta de ficar em hospital esperando atendimento”, finaliza.
Agilidade vital
“É muito importante ter a estrutura do Pronto Atendimento perto de casa. Com certeza graças a isso estou aqui hoje.” A frase é da agricultora Maristela Mara Ludwig (28), residente em Boa Vista, município de Poço das Antas.
No dia 26 de agosto de 2015 ela sofreu um grave acidente de trânsito, quando colidiu de moto contra uma carreta agrícola. Saldo disso: mão, perna e costelas quebradas, fígado rasgado e secreção no pulmão. “Me lembro do acidente, das pessoas falando comigo. Chamaram o Samu e a Brigada Militar. Me levaram para o Hospital Ouro Branco e o atendimento já iniciou na própria ambulância. Quando cheguei no hospital não me lembro de mais nada”, comenta.
Maristela ficou internada na casa de saúde teutoniense por 26 dias. “Fui muito bem atendida, sem queixas. Sei que cheguei lá e fui direto para o Bloco Cirúrgico. Todos muito atenciosos. Ainda estou me recuperando. Queria que essa recuperação pudesse ser tão rápida como ocorreu o acidente”, ressalta. Ela ainda caminha com o auxílio de muletas, visto que a recuperação da perna quebrada está sendo mais lenta.
Texto: Leandro Augusto Hamester Fotos: Leandro Augusto Hamester e arquivo pessoal(Samanta,Maristela e Dra. Cristina )