O Ministério da Saúde lançou, neste mês, a campanha MARÇO LILÁS, que faz referência à prevenção do câncer do colo uterino e tem como objetivo conscientizar a população da importância da prevenção da doença. O câncer cervical, como também é chamado, é causado pelo Papilomavírus Humano, o HPV, que possui mais de 200 subtipos, dentre os quais, os mais cancerígenos são o 16 e 18 e é adquirido através de relações sexuais desprotegidas.
Entre 2020 e 2022 o Brasil registrou cerca de 17 mil novos casos de câncer do colo uterino, sendo a quarta causa de morte feminina no país e tem como fatores de risco idade avançada, tabagismo, iniciação sexual precoce, múltiplos parceiros, além de fatores imunológicos e econômicos.
O diagnóstico definitivo se dá através da biópsia do colo uterino, porém nos dias atuais está bastante difundido o exame citopatológico, o Papanicolau, que deve ser realizado por toda mulher, a partir dos 25 anos de idade e que tenha iniciado a vida sexual. O Papanicolau é um exame simples e serve para detectar lesões cervicais precursoras do câncer, ou seja, alterações celulares que podem evoluir para uma neoplasia.
Nos estágios iniciais a paciente não apresenta sintomas, geralmente presentes em fases mais avançadas. Provoca sangramento vaginal anormal, secreção com mau odor, dor abdominal e sangramento durante relações sexuais.
O tratamento do câncer do colo uterino depende de vários fatores, dentre eles idade da paciente e desejo reprodutivo, no entanto o mais importante é o diagnóstico precoce, quando a cura é de cerca de 90%. O manejo pode ser feito através de procedimento simples, como a retirada de uma pequena porção cervical, ou procedimentos mais complexos com retirada de útero, ovários, trompas e outros órgãos próximos. Além disso há rádio e quimioterapia.
Mesmo com a acessibilidade do Papanicolau, os índices de neoplasia cervical no Brasil ainda são considerados altos, podendo ser explicados por fatores culturais, econômicos e educacionais, bem como mudanças comportamentais. O advento dos diversos métodos contraceptivos permitiu às mulheres maior liberdade sexual e, consequentemente, maior chance de contaminação pelo HPV. Costumo falar às pacientes que o câncer do colo uterino é o mais fácil de ser evitado, visto que, desde a contaminação pelo Papilomavírus até o desenvolvimento dos primeiros estágios de doença maligna, é um processo que dura de 15-20 anos, o que possibilita detectar lesões precursoras e o tratamento precoce. Diante disso, a palavra de ordem é prevenção!

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